Andavam mãe e filho por uma rua de pouca
circulação. A mãe do menino com lágrimas nos olhos tentava esconder sua
angústia, o menino com inocência de criança de mãos dadas com sua companheira,
mochila nas costas, seguia feliz sem saber seu destino.
Sua mãe o abandona. Uma mulher desconhecida
esperava-o em um lugar onde havia um portão grande de ferro, com um muro alto
feito por rosas que plantaram naquele ambiente, que no passado foi um
verdadeiro orfanato. No terreno tinha um casarão com muitas janelas que
aparentava ser quartos com cortinas amareladas ao longo do tempo. Um lugar
silencioso e sem vida que podia tirar a alegria de qualquer pessoa alegre que
passasse por aquele local.
Todos os dias o garoto sentava em frente ao
portão. Esperava, por um dia em que sua mãe voltasse e recebesse o amor único
de uma família. Tinha sonhos repetidas vezes com ela e nos mesmos imaginava que
sairia daquele pesadelo, que passava além dos portões e abraçava-lhe com afeto
mútuo, era o seu maior desejo, ou seja, receber o carinho, atenção e o
principal de todos: o amor (independente do modo de amar).
Depois
de anos se passarem, certo momento em que andava pelo jardim em uma tarde muito
bonita uma voz chamou-lhe a atenção. Era a sua mãe arrependida pelo que havia feito,
emocionada por encontrá-lo e de certa forma muito inexpressável, mas
compreendida pelo seu filho que nunca a esqueceu. Como não podia ter uma
aproximação íntima da mãe, comunicavam-se através de cartas pela ausência de
tempo (eram somente permitidos alguns minutos ao ar livre). No entanto a
vontade do rapaz era insaciável.
Assim como todos os adolescentes passam por
problemas, o jovem era sonâmbulo e o que parecia ser sonho era verídico e não
sabia até que em uma noite dormiu, horas depois, no momento de transe levantou-se,
sonhava que sua amiga gritava pelo seu nome e foi à procura da voz. Chegado ao
jardim, percebeu que no muro de rosas haviam aberto uma passagem, feliz o moço
não perdeu a oportunidade. Antes de passar avistou uma mulher e percebeu de início
que era um espírito. Sua mamãe tentava avisar-lhe que nunca tinha o abandonado,
mas sofria por uma grave doença e foi obrigada a deixá-lo, pediu perdão pelo
acontecido e mesmo morta, sempre guiaria seu querido filho. Desnorteado, sem
saber o que fazer seguiu em direção à abertura no muro. Enquanto atravessava,
algo inusitado aconteceu. Os espinhos da roseira perfuraram-lhe o corpo e
imensa era a dor que despertou, e ao abrir os olhos os espinhos o cegaram, mas não
o impediu de seguir em frente. E daquele dia em diante percebeu que não
importava os obstáculos que a vida trouxesse e as dificuldades que passaria, os
sonhos são maiores e sempre haveria uma pessoa com quem contar mesmo se estiver
ausente.
Daniela Ferreira
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